Relembrando.
Meus inesquecíveis bairros Rurais.
Entristece-me que deles
Nada restou nos anais.
Ah! Jardins da minha infância!
Ah! Juventude sadia!
Ah! Saudosos amigos Rurais!
Povo bom aqueles caboclos
Do meu Bairro dos Limas.
Esbanjavam tanta elegância.
E não era no trajar. E sim,
Sabedoria no comportar.
Cada um conhecia seu lugar.
Conjugavam desde cedo e
Ensinavam às crianças o verbo respeitar.
Dia de trabalho - Trabalhar.
Dia de Festa - Festar .
Dia de Velório - Tirar o chapéu e Velar.
Se havia casamento espalhava feito vento.
Não carecia convidar. Direito sagrado
Era ver amigo casar. Na barraca de lona
Arrasta-pé até o sol raiar.
A Clarineta do Zé Ferreira !
Ainda a ouço tocar.
Doçura da sanfona a contrapontear.
Discreto Violão pra acompanhar.
Lampião de querosene ajudava
A Lua alumiar.
Caixa de som? Nem pensar.
Banco de tábua e caixa só pra sentar.
Lânguidas valsas e casais a valsar.
Maxixes, Polcas, Rancheiras e
Mazurcas pra Mazurquear.
Noite adentro, Viva os Noivos!
No chão batido os pares a rodopiar.
Branca, a linda valsa de Zequinha de Abreu, (*)
Indica que a festança vai terminar.
Viva a noiva!
Casais a rodopiar, a valsar.
Não sei se consigo
Minha emoção partilhar.
Ao deixar uma festa assim;
Já distante, descendo o morro
Devagarinho, bem devagar.
Pra que a valsa pudesse me acompanhar.
E assim, pra casa pudesse a valsa levar.
Mesmo devagar, ela foi sumindo, sumindo...
Só me restou o som do luar.
Acabou a valsa, desapareceu o valsar.
Deu um aperto no peito.
Senti naquela hora
Uma vontade que sinto agora.
(Vontade de chorar).
* Zéquinha de Abreu , nascido em Sta Rita do Passa Quatro autor de lindas Valsas. .
Não fêz novela na Globo., não jogava "futebor", não corria na fórmula 1, não era corrupto. Por isso ESQUECIDO.
Tico-Tico no fubá (não é valsa) talvez seja a música brasileira mais conhecida no mundo.
