quarta-feira, 22 de julho de 2020

Sexta


     SEXTA

Na sexta sexta do ano, tome de uma cesta.
Vá ao centro e adquira um cento de centeio,
 cevada,  cenoura e
uma ceroula estampada.
Sente-se. Medite. Existem centenas de coronas à sua volta.
Lembre-se do troco, mesmo que, centavos.
Deixe o centro.
Retorne de onde veio, de carona, até.
Centrifugue a cenoura e o centeio.
Armazene as sobras no centro do celeiro.
Vista a ceroula e faça um “selfie”.
Encaminhe pra todos os seus contatos.
Semeie as sementes, semana que segue.
Guarde as sobras no centro do celeiro..

Rasgue o testamento.

Danem-se os herdeiros.

                                             José Carlos Piovesan

                                                                     “ Mia Pouco “



Terra em Transe.


Terra em Transe - 19/07/2020.

O planeta terra passa por intensa instabilidade. Pode a qualquer momento entrar em colapso. Seu campo magnético desloca-se com certa e imprevisível velocidade.
Em seu interior, movimentos antagônicos, assim como na crosta, são as causas desta instabilidade. Observa-se que, a partir de seu centro, metade gira num sentido, enquanto a outra metade no sentido inverso. Isto está deformando o globo, ao ponto de torná-lo no formato do número 8. À medida que este processo avança, chegará o momento da ruptura, dividindo o planeta em dois. Devido os giros antagônicos, ambos se distanciarão, até que as forças gravitacionais reestabeleçam o equilíbrio e façam com que ambos auto gravitem-se..
A parte maior manterá o formato original – esférico – . Nesta habitarão todos aqueles que sempre disseram não aos descalabros. Ali, estarão os obreiros, cientistas, artistas, escritores, professoras(es) e demais seres do mundo vegetal, animal e mineral. Claro que, com a mesmo topografia, suas águas e demais acidentes geográficos. Antes que alguém diga que a partilha foi injusta, esclareço que esta comunidade, além da massa física, carece de espaço para guardar o conhecimento, a experiência, a solidariedade, e o enorme arcabouço cultural armazenado através dos tempos, idos, presente e quiça futuros. Friso destacar, indistintamente, que estes, são os bens mais valiosos que possuímos.
Vamos denominar este planeta de “Terra B” em respeito ao menor, o qual denominaremos de “Terra A”.
À “Terra A” irão os terra planistas, visto que, o planetinha será plano, bem ao sabor dos seus futuros moradores. Embora seja de menor dimensão, acomodará folgadamente seus habitantes; estes por serem desprovidos de intelecto, não necessitarão do espaço para guarda desta ausência.
Enquanto na “Terra B” tudo se acomoda, não podemos dizer o mesmo quanto a Terra A.
Surgem os primeiros e inimagináveis problemas devido a PLANITUDE das terras. As águas não se escoam. O cidadão apertava o botão da descarga e, desconsolado verificava que os “tarugos” centrifugavam na bacia e, sequer faziam menção de desalojar-se. As águas iam acumulando-se, ao ponto de alagar toda superfície; só proliferam as plantas aquáticas, faltará capim e gramíneas, . Necessitam, os pobres e infelizes, utilizar-se de botas de borracha para deslocar-se.
Nisto, surge a ideia de convocar o Guru, um tal “Eslavo do Caralho”, para dar cabo àquela situação.
Este, prontamente, alicerçado na sua fé Judaico Cristã, invoca o Arquiteto do Universo, clama para que Ele providencie uma leve inclinação no tabuleiro. Alarmante, as águas já estão à altura do pescoço.
Vagarosamente as águas vão se escoando, os súditos caem com as caras ao chão (lamaçal) em sinal de gratidão. Surge novo problema. Perceberam que devido a “planitude”, não poderão construir hidrelétricas, aquelas que existiam antes da divisão estão inativas. Ficarão no escuro. Esta, nem Ele dará cabo. Danem-se.
Um consolo, o capim semeado dá sinais de vida. Breve aquelas imensas planícies se transformarão numa, também, imensa invernada.
Espero que a TV “Terra A”, nos envie, através do TV Rural, imagens daquelas imensas pastagens. Desta feita, se a sorte estiver ao nosso favor, poderemos ver algum conhecido pastando conforme era seu desejo.

Obs: - Isto poderá ocorrer na próxima noite - improvável – ou, daqui alguns dias, ou daqui mil anos.


                      José Carlos Piovesan - “ Mia Pouco” -