Ciranda.
Ciranda
Cirandinha / Vamos
todos cirandar / Vamos dar a meia volta
Volta
e meia vamos dar / O Anel que tu me destes / Era vidro e se quebrou
O
amor que tu me tinhas / Era pouco e se acabou / Por isso dona Rosa
Entre
dentro desta roda / Diga um verso bem bonito /
Diga
adeus e vá se embora.
Não
sei explicar a causa, mas nesta noite que passou, lembrei das praças
públicas dos anos 60/70. No início da noite, ficavam repletas de
jovens. As moças, e quase todas eram - algo difícil de ser afirmar
hoje - ficavam girando pelas bordas da praça, enquanto os moços,
poucos ainda eram, a maioria já havia feito várias trocas de óleo,
circulavam em sentido contrário, e isto os/as auxiliava na
visualização frontal. Pelo fato de residir no mato, área rural,
minha presença nestas floridas praças, deixou muito a desejar,
mesmo assim, ouso registrar aquilo que ficou retido e represado em
minha memória; Enumero a seguir, cidades e logradouros cujos nomes,
podem conter enganos:
Amparo.
O “footing” se dava na Rua 13 de Maio, os moços ficavam nas
portas dos estabelecimentos, nos bares e no meio da Rua, enquanto as
moças caminhavam pelas calçadas e creio que faziam o retorno na
esquina da Av. Capitão Miranda e no outro extremo, na esquina onde
havia, de um lado o Grêmio Recreativo e noutro o Clube Oito, ambos
frente a pracinha e lindo jardim que adorna a Igreja Matriz Nossa
Senhora do Amparo.
Piracicaba.
Havia e ainda há, uma enorme e bela praça e que uma rua divide-a em
duas partes, pelo que me consta, chama-se Praça José Bonifácio. O
“footing” ocorria na parte que situa-se frente a Matriz ou
Catedral de Santo Antônio. Os bancos da praça eram disputados pelas
moças e moços que ainda não tinham ouvido Geraldo Vandré dizer:
“Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Circundando a
praça haviam,
os bares e seus aromáticos cafés, o Cine Politeama, onde aos 16
anos, pela primeira vez, meus colegas ajudaram-me assistir um filme
proibido para menores, protagonizado pela inesquecível Brigite
Bardot; hoje, aquele filme poderia ser exibido numa creche, e se
perguntássemos aos pequenos eles diriam: careta, água com açucar,
prefiro a novela das “deis”.
Campinas.
Mesmo residindo por aqui, não lembro-me o nome da praça, ela é
conhecida como largo do Rosário - a memória popular se sobrepôs à
nomenclatura oficial -. Nos anos 50, nesta praça, havia a Igreja do
Rosário, a qual foi demolida para o alargamento da Avenida Francisco
Glicério. O largo do Rosário é de grandes dimensões e também a
exemplo de “Pira” é dividido em duas partes. O “footing”
acontecia na parte que fica frente ao antigo Palácio da Justiça,
Palácio este transferido para dois bairros periféricos, não sei se
por excesso de injustiça, parcialidade judicial ou paupérrima
justiça; na dúvida perguntemos aos nossos Ministros, cujos nomes é
bom omitir, mas tenho a certeza, você lembrou-se deles, vários
deles, neste exato momento, e certamente não foi pelo virtuosismo
dos mesmos.
O
pior é que você, se é que conseguiste chegar até aqui, pode estar
se perguntando: Este maluco não iria descrever os “footings”?
Respondo:
O “footing” acabou minha cara, meu caro, não sei quando e nem
como, sumiu. Àquela época, por volta das vinte e duas horas as
praças, aos poucos iam esvaziando-se, esvaziando-se até que
restassem apenas os Boêmios, os apreciadores das Madrugadas, os
Gatos e os Guardas Noturnos com suas bicicletas e seus apitos. Hoje,
ficamos todos em nossas jaulas até terminar a penúltima novela, e
só após estas obras-primas, partimos para as Baladas, os Bailes
Funks, Rodeios e sabe se lá quantas outras formas de destruição
estão vindo por aí, tudo principiando quando seria a hora de
encerrar-se. Alguns se encerram nestas noitadas, enquanto a maioria
vai aos poucos, devagarinho, bem devagar, mais vai.