Um
dia chego lá….
Pobre
como eu, é um camarada que nunca sabe onde fica o lado de lá.
Ao
decidir ir pra lá, pra procurar, os de cá me disseram:
Vá,
desapareça, não volte mais, fique por lá.
Quando
parecia estar lá, perguntei aos de lá, se lá era o lado lá.
Eles
riram e disseram que era mais pra lá, e aduziram:
Cate
seus trapos e se mande pra lá, agora, sem demora, já.
Esperançoso
me pus a caminhar, sempre dizendo e repetindo:
- Um
dia eu chego lá, não desisto, a pobreza é leve, fácil de
carregar-.
E
não é que um passarinho, cantou bonito, e no canto entre outras
coisas dizia:
—Esse
meu canto, canto pra te alegrar -.
E a
árvore frondosa , na beira da estrada, cumprimentou convidando-me:
-
Se achegue companheiro, fiz a sombra pra você descansar e os frutos pra você saborear -.
Ao
entardecer, ouvi ruido de águas a rolar, o corguinho se pôs a
falar:
-
Irmão andarilho, também vou pra lá, aproveite e da minha água
beba,
Pra
morde sua sede saciar-.
Ao
escurecer, apareceu um cãozinho, abanando o rabo, foi se achegando,
cheirando,
deu de lamber as chagas dos meus pés, depois sentou-se
à
minha frente e parecia dizer com o brilho do seu olhar:
—Irmão,
minha saliva é medicamentosa, logo sua ferida vai sarar-.
E
amanhã, de manhã, bem cedo, nós vamos pra lá – disse eu -.
O
cãozinho concordou dizendo:
—Nós
vamos pra lá, nós não desistimos, um dia chegamos lá-
O
rio ria ao ponto que as lágrimas, tantas , molharam todo seu rosto.