Trisàvolo
/ Bisnonno / Nonno.
Que
se passou Trisàvollo Giuseppe? Por que deixaste a bela região de
Veneza? E vieste embrenhar-se nesta terra onde canta o sabiá? Por
que?
Imagino
que era seu intento dar uma voltinha pelo Atlântico, no majestoso
navio Cenício e depois retornar à sua Itália. – saibas que vi
uma foto dele, o Cenício, recentemente, e fiquei um bom tempo lendo
e contemplando aquele letreiro enorme la no mastro, sim eu li,
estava escrito Cenício, o navio que trouxe meu Trisàvolo - .
Me
foi contado que o Cenício zarpou do porto de Gênova chegando ao
porto de Santos em fevereiro de 1885, e não´sei por onde andaram
até Agosto de 1885, sei que neste mês de
Agosto, consta a aquisição do sítio no Bairro dos Alves, pertinho
de Monte Alegra do Sul. Sabe Trisàvollo Giusepe, estive com minha
mãe Mercedes em Agosto de 1985, lá naquela montanha, nos reunimos
para comemorar o centenário da sua chegada ao sítio Santa Cecília
( homenagem a Trisàvolla Cecília). Por tratar-se de mais um
churrasco não me ative aos detalhes, o que acho uma infâmia; mas
prometo pra breve, ir até lá, e até fotografar vossa antiga
residência e, demais dependências. Um Daolio, seu descendente é o
proprietário do sítio, pelo que eu saiba é filho de Duílio,
filho de Horácio, Filho de Ovídeo, portanto bisneto de seu filho
Ovídeo. Pena ter perdido tantos detalhes desta história tão bela.
Fico imaginando como descrever daqui em diante. São tantas as
façanhas desta família, que seria matéria para um livro, quiça
um filme.
Minha
mãe Mercedes, contou-me que o senhor dizia: - Quando enviuvar-me da
“mia” bela Cecília, volto pra Itália. E não é que o senhor
cumpriu a palavra! Foi só a trisàvolla Cecilia falecer, o senhor
fez a mala e embarcou no porto de Santos; iria rever sua filha que
não veio ao Brasil e outros mais, mas o destino assim não quis
Trisàvollo Giuseppe: você faleceu, e seu corpo foi lançado ao mar,
imagino que por ser o homem valoroso e obstinado, não seria justo
sepultá-lo num túmulo qualquer e, para render-lhe justo tributo,
deram-lhe como túmulo, o Oceano Atlântico todinho.
Me
foi dito que sua maleta chegou à Itália tempos depois.
Após
narrar sua morte, meu Trisàvollo, retorno ao início, assim o fiz,
porque não aprecio fazer suspense, perdoa-me.
Sei
que trouxeste além da Trisàvolla Cecília, seus dois filhos e seis
netos. Minha mãe tinha profunda admiração pelo seu filho mais
velho chamado Ovídeo, ela sempre dizia com extremo carinho, que seu
tio Ovídeo (dela) era um gênio, tinha solução para todo problema
que surgisse. Seu outro filho era meu Bisnonno Giusto, casado com
minha Bisnonna Lúcia traziam dois
filhos: meu Tiononno Tranquilo e meu Nonno Ítalo.
Segundo
minha informante, (mãe Mercedes) Nonno Ítalo era um bebezinho de
colo e que na Itália havia sido batizado como Antônio, quiça
Ítalo, aqui, para reforçar a Italianidade, sei lá.
Ah!
Trisàvollo Giuseppe, por que não ficaste na Itália? Embora hoje,
não esteja ela, boa das “botas”, deve estar melhor que aqui.
Imagino eu nascido lá; saberia falar Italiano, aqui só aprendi
incorretamente uns poucos palavrões. Procure acompanhar-me, tenho
certeza que dar-me-á razão. Como bom Italiano, eu deveria chamar-me
Giuseppe como tu, e como praticante do Cálcio, certamente eu seria
reserva do astro Gigi Riva na ponta esquerda da Azzurra, em 1970, na
copa do mundo no México; e porque não sonhar mais, vencer as feras
que João Saldanha amoldara. E que feras? Eram: Félix, Carlos
Alberto, Brito, Piázza, Everaldo, Clodoaldo, Gérson, Rivelino,
Jairzinho, Tostão e Pelé; outras tantas estavam no banco, na ponta
dos cascos.
E
após o apito final, eu junto aos companheiros , daríamos a volta
Olímpica no Estádio Jalisco, sob aplausos, e eu ergueria o
“Scudetto” bem alto, dizendo: Aceita este troféu meu querido
Trisàvollo Giuseppe, ele lhe pertence, sou oriundo de ti, esta
vitória e fruto da vossa existência e intervenção. (porca
miséria).
E
depois de conquistar o “Scudetto”, regressaria à bela Itália e
receberia todas as homenagens daqueles conterrâneos. Depois,
certamente, visitaria seu túmulo deixando-lhe uma réplica do
“scudetto”, mais um lindo buquê de Rosas vermelhas.
Em
seguida comunicaria ao grande cineasta Carlo Ponti, meu desagrado em
vê-lo aproximar-se da bela Sofia Loren. Antes de viajar ao México,
eu e Sofia sacramentamos um acordo matrimonial, caso ganhasse a copa.
Sabe Trisàvollo, tu deve ter visto aquela freira que deu-me um
beijo, logo que deixei o avião? Era a bela Sofia disfarçada, por
motivos óbvios.
Imagina
Trisàvollo, para sua glória, os lindos bambinos e bambinas, frutos
de um pai tão belo com a belíssima ex-atriz; sim ela deixaria a
carreira para cuidar da casa em nome deste grande amor.
Trisàvolo
o primogênito desta união, em sua homenagem, chamar-se-ia Giuseppe
Quinto.
Paciência,
o senhor quis vir pro Brasil, - Brasile, Brasile, porca pipa -.
Em
tempo Trisàvolo, com Pelé não há quem possa, a copa do mundo e
nossa.
Que
bom Trisàvollo, bom que o senhor tenha vindo pro Brasil, valeu
Trisàvollo, até qualquer hora.
Bota
a mão na Taça Trisàvollo, sim, pertence a ti também, dedico-lhe
querido Trisàvollo Giuseppe.