Ajuda.
Se
você é, ou está ficando surdinho como eu, não se aflija. Aqui vão
algumas dicas que lhe ajudarão
no
quesito sociabilidade.
Durante
as conversas, observe seu interlocutor: se ele sorrir, você mesmo
não entendendo nada, sorria; se ele gargalhar você também
gargalha; caso ele se torne colérico e avermelhado, procure se
tornar roxo de raiva.
Se
porventura seu interlocutor solicita confirmação e você não
entendeu patavina, diga sim e balance a cabeça negativamente; caso
ele, surpreso, solicite novamente, diga não e balance a cabeça
afirmativamente. Procure manter uma distância de segurança; ele
poderá enfurecer-se e desferir-lhe uma porrada.
Se a
prosa é em grupo, onde todos falam ao mesmo tempo, aí danou-se.
Você lembrará dos programas esportivos onde os “jornalistas”
procedem dessa maneira, ou então, quando se entrevista um
estrangeiro e o repórter se mete fazer dueto em Português, e por
último, aquela lazarenta musiquinha fazendo fundo pra atrapalhar a
interessante entrevista; nestes casos, a solução, única que vejo,
é o botão “off” do controle remoto.
Quanto
à prosa em grupo, encontrei a solução: sempre fico distante do meu
irmão caçula, que tem o dom de tudo observar, sem muito intervir;
observo suas reações e as imito, tais como: sorrir, franzir a
testa, fazer cara de espanto, surpresa, etc, etc.
Evite
o “Ãh”, sempre e quando não entender o que falam: os filhos, as
noras e a esposa.
Sua
maior alegria é ouvir aquela tia velhinha, fazendo o seguinte
comentário:
“Nossa!
Que milagre! O Zé tá ouvindo tão bem! Tanto que pedi ao meu Santo
Antônio! Você agradece; diz a ela ser grato pelas orações; a
surdez não vai melhorar, mas a tia vai nanar tal um Anjo.