Vindo
e indo rumo ao desconhecido
Vejam,
olhem aquele homem, ali sentado. Há muito que nasceu.
Pensativo,
só, silencioso, cabisbaixo, tentando decifrar mistérios.
Não
se lembra e nada sabe do dia em que nasceu.
Não
se recorda da primeira infância, sabe apenas aquilo que lhe
contaram.
Engatinhou,
ficou em pé, caminhou, desequilibrou, caiu e chorou, acudiram-no.
Cresceu,
foi à Escola, aprendeu, repartiu o lanche e jogou bola.
Fez
algazarra, malvadezas, puxou o cabelo das meninas, ficou de castigo.
Refletiu,
se comportou.
Caiu
no Samba, dançou a Valsa, arriscou passos de Rumba, Merengue e
Salsa.
Dançou
Bolero de rosto colado - " um torturante “band-aid” no calcanhar "
-" Whisky com Guaraná,
dois pra lá, dois pra cá" -. **
Estudou,
se formou, trabalhou, vendeu, comprou, mais perdeu que ganhou.
Conheceu
a mulher amada, casou. Vieram filhas e filhos, deles cuidou, os amou.
Agora
ali sentado exclama sussurrando.
- Oh
meu bom Deus! Que sina! Só sei das mazelas meias, desconheço meu
princípio, e
pior, qual será meu fim! Se fosse possível, bem no finalzinho, um
filho meu, dizer-me, nem
que seja bem baixinho;
- Meu Pai, Querido Velho..... Adeus! Vá em paz meu Pai, vou anunciar
a todos:
- Meu
pai...meu pai..
sim....
sim....
Meu pai.....morreu.
** Estas palavras, as retirei da imortal canção
denominada “ Dois pra lá, dois pra cá”.
Composição de Aldir Blanc e João Bosco,
imortalizada por Elis Regina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário