segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Desconhecimento.


Vindo e indo rumo ao desconhecido

Vejam, olhem aquele homem, ali sentado. Há muito que nasceu.
Pensativo, só, silencioso, cabisbaixo, tentando decifrar mistérios.
Não se lembra e nada sabe do dia em que nasceu.
Não se recorda da primeira infância, sabe apenas aquilo que lhe contaram.
Engatinhou, ficou em pé, caminhou, desequilibrou, caiu e chorou, acudiram-no.
Cresceu, foi à Escola, aprendeu, repartiu o lanche e jogou bola.
Fez algazarra, malvadezas, puxou o cabelo das meninas, ficou de castigo.
Refletiu, se comportou.
Caiu no Samba, dançou a Valsa, arriscou passos de Rumba, Merengue e Salsa.
Dançou Bolero de rosto colado - " um torturante “band-aid” no calcanhar "
 -" Whisky com Guaraná, dois pra lá, dois pra cá" -. **
Estudou, se formou, trabalhou, vendeu, comprou, mais perdeu que ganhou.
Conheceu a mulher amada, casou. Vieram filhas e filhos, deles cuidou, os amou.
Agora ali sentado exclama sussurrando.
- Oh meu bom Deus! Que sina! Só sei das mazelas meias, desconheço meu princípio, e pior, qual será meu fim! Se fosse possível, bem no finalzinho, um filho meu, dizer-me, nem que seja bem baixinho;
 -  Meu Pai, Querido Velho..... Adeus! Vá em paz meu Pai, vou anunciar a todos:
 - Meu pai...meu pai..
sim.... 
  Meu pai.....morreu.

** Estas palavras, as retirei da imortal canção denominada “ Dois pra lá, dois pra cá”.
Composição de Aldir Blanc e João Bosco, imortalizada por Elis Regina.






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