segunda-feira, 2 de setembro de 2019


Trisàvolo / Bisnonno / Nonno.

Que se passou Trisàvollo Giuseppe? Por que deixaste a bela região de Veneza? E vieste embrenhar-se nesta terra onde canta o sabiá? Por que?
Imagino que era seu intento dar uma voltinha pelo Atlântico, no majestoso navio Cenício e depois retornar à sua Itália. – saibas que vi uma foto dele, o Cenício, recentemente, e fiquei um bom tempo lendo e contemplando aquele letreiro enorme la no mastro, sim eu li, estava escrito Cenício, o navio que trouxe meu Trisàvolo - .
Me foi contado que o Cenício zarpou do porto de Gênova chegando ao porto de Santos em fevereiro de 1885, e não´sei por onde andaram até Agosto de 1885, sei que neste mês de Agosto, consta a aquisição do sítio no Bairro dos Alves, pertinho de Monte Alegra do Sul. Sabe Trisàvollo Giusepe, estive com minha mãe Mercedes em Agosto de 1985, lá naquela montanha, nos reunimos para comemorar o centenário da sua chegada ao sítio Santa Cecília ( homenagem a Trisàvolla Cecília). Por tratar-se de mais um churrasco não me ative aos detalhes, o que acho uma infâmia; mas prometo pra breve, ir até lá, e até fotografar vossa antiga residência e, demais dependências. Um Daolio, seu descendente é o proprietário do sítio, pelo que eu saiba é filho de Duílio, filho de Horácio, Filho de Ovídeo, portanto bisneto de seu filho Ovídeo. Pena ter perdido tantos detalhes desta história tão bela. Fico imaginando como descrever daqui em diante. São tantas as façanhas desta família, que seria matéria para um livro, quiça um filme.
Minha mãe Mercedes, contou-me que o senhor dizia: - Quando enviuvar-me da “mia” bela Cecília, volto pra Itália. E não é que o senhor cumpriu a palavra! Foi só a trisàvolla Cecilia falecer, o senhor fez a mala e embarcou no porto de Santos; iria rever sua filha que não veio ao Brasil e outros mais, mas o destino assim não quis Trisàvollo Giuseppe: você faleceu, e seu corpo foi lançado ao mar, imagino que por ser o homem valoroso e obstinado, não seria justo sepultá-lo num túmulo qualquer e, para render-lhe justo tributo, deram-lhe como túmulo, o Oceano Atlântico todinho.
Me foi dito que sua maleta chegou à Itália tempos depois.
Após narrar sua morte, meu Trisàvollo, retorno ao início, assim o fiz, porque não aprecio fazer suspense, perdoa-me.
Sei que trouxeste além da Trisàvolla Cecília, seus dois filhos e seis netos. Minha mãe tinha profunda admiração pelo seu filho mais velho chamado Ovídeo, ela sempre dizia com extremo carinho, que seu tio Ovídeo (dela) era um gênio, tinha solução para todo problema que surgisse. Seu outro filho era meu Bisnonno Giusto, casado com minha Bisnonna Lúcia traziam dois filhos: meu Tiononno Tranquilo e meu Nonno Ítalo.
Segundo minha informante, (mãe Mercedes) Nonno Ítalo era um bebezinho de colo e que na Itália havia sido batizado como Antônio, quiça Ítalo, aqui, para reforçar a Italianidade, sei lá.
Ah! Trisàvollo Giuseppe, por que não ficaste na Itália? Embora hoje, não esteja ela, boa das “botas”, deve estar melhor que aqui. Imagino eu nascido lá; saberia falar Italiano, aqui só aprendi incorretamente uns poucos palavrões. Procure acompanhar-me, tenho certeza que dar-me-á razão. Como bom Italiano, eu deveria chamar-me Giuseppe como tu, e como praticante do Cálcio, certamente eu seria reserva do astro Gigi Riva na ponta esquerda da Azzurra, em 1970, na copa do mundo no México; e porque não sonhar mais, vencer as feras que João Saldanha amoldara. E que feras? Eram: Félix, Carlos Alberto, Brito, Piázza, Everaldo, Clodoaldo, Gérson, Rivelino, Jairzinho, Tostão e Pelé; outras tantas estavam no banco, na ponta dos cascos.
E após o apito final, eu junto aos companheiros , daríamos a volta Olímpica no Estádio Jalisco, sob aplausos, e eu ergueria o “Scudetto” bem alto, dizendo: Aceita este troféu meu querido Trisàvollo Giuseppe, ele lhe pertence, sou oriundo de ti, esta vitória e fruto da vossa existência e intervenção. (porca miséria).
E depois de conquistar o “Scudetto”, regressaria à bela Itália e receberia todas as homenagens daqueles conterrâneos. Depois, certamente, visitaria seu túmulo deixando-lhe uma réplica do “scudetto”, mais um lindo buquê de Rosas vermelhas.
Em seguida comunicaria ao grande cineasta Carlo Ponti, meu desagrado em vê-lo aproximar-se da bela Sofia Loren. Antes de viajar ao México, eu e Sofia sacramentamos um acordo matrimonial, caso ganhasse a copa. Sabe Trisàvollo, tu deve ter visto aquela freira que deu-me um beijo, logo que deixei o avião? Era a bela Sofia disfarçada, por motivos óbvios.
Imagina Trisàvollo, para sua glória, os lindos bambinos e bambinas, frutos de um pai tão belo com a belíssima ex-atriz; sim ela deixaria a carreira para cuidar da casa em nome deste grande amor.
Trisàvolo o primogênito desta união, em sua homenagem, chamar-se-ia Giuseppe Quinto.
Paciência, o senhor quis vir pro Brasil, - Brasile, Brasile, porca pipa -.
Em tempo Trisàvolo, com Pelé não há quem possa, a copa do mundo e nossa.
Que bom Trisàvollo, bom que o senhor tenha vindo pro Brasil, valeu Trisàvollo, até qualquer hora.
Bota a mão na Taça Trisàvollo, sim, pertence a ti também, dedico-lhe querido Trisàvollo Giuseppe.

Um comentário:

  1. Que viagem ao passado pela história condensada da família!
    Jonas.

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