domingo, 7 de maio de 2017

A surdez nem sempre é um malefício.


Se você é, ou está ficando surdinho como eu, não se aflija. Aqui vão algumas dicas que lhe ajudarão
no quesito sociabilidade.

Durante as conversas, observe seu interlocutor: se ele sorrir, você mesmo não entendendo nada, sorria; se ele gargalhar você também gargalha; caso ele se torne colérico e avermelhado, procure se tornar roxo de raiva.
Se porventura seu interlocutor solicita confirmação e você não entendeu patavina, diga sim e balance a cabeça negativamente; caso ele, surpreso, solicite novamente, diga não e balance a cabeça afirmativamente. Procure manter uma distância de segurança; ele poderá enfurecer-se e desferir-lhe uma porrada.
Se a prosa é em grupo, onde todos falam ao mesmo tempo, aí danou-se. Você lembrará dos programas esportivos onde os “jornalistas” procedem dessa maneira, ou então, quando se entrevista um estrangeiro e o repórter se mete fazer dueto em Português, e por último, aquela lazarenta musiquinha fazendo fundo pra atrapalhar a interessante entrevista; nestes casos, a solução, única que vejo, é o botão “off” do controle remoto.
Quanto à prosa em grupo, encontrei a solução: sempre fico distante do meu irmão caçula, que tem o dom de tudo observar, sem muito intervir; observo suas reações e as imito, tais como: sorrir, franzir a testa, fazer cara de espanto, surpresa, etc, etc.

Evite o “Ãh”, sempre e quando não entender o que falam: os filhos, as noras e a esposa.

Sua maior alegria é ouvir aquela tia velhinha, fazendo o seguinte comentário:
“Nossa! Que milagre! O Zé tá ouvindo tão bem! Tanto que pedi ao meu Santo Antônio! Você agradece; diz a ela ser grato pelas orações; a surdez não vai melhorar, mas a tia vai nanar tal um Anjo.


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