EMBARAÇOS.
Já
estava quase chegando,
daí
assustei-me, fiquei abismado
ao
notar que, ainda não havia partido.
Pior,
quando voltava, notei que não tinha ido.
Enquanto
dormia, percebi que a noite
não
havia sido inventada.
Sem
a noite, quem dera achar o sono!
Pelo
menos tive o prazer de conhecer
sua
encantadora e jovem mãe.
Ainda
virgem, confessou-me que seu
instinto maternal implorava uma gravidez.
Por
pura timidez ou estupidez, perdi a oportunidade,
única,
de ser o pai do sono.
Como sempre, tudo pode piorar.
Chegou
um doido, acompanhado
de
um bêbado com dois cachorros.
Estavam
sóbrios, os cachorros,
um
deles até mijou na minha perna.
Como
eu não conseguia entender
o
idioma do bêbado, o doido se
esmerava
em traduzir - diziam - :
Moço
acalme-se, paciência! não escreva,
aguarde,
já é tempo, o Big bang não tarda!
o asteroide se aproxima!
o asteroide se aproxima!
Atirei
lápis e papéis no lixo.
Só
então percebi que não haviam inventado
a
escrita e, eu não sabia escrever, minha amada
mestra
era analfabeta, danou-se!
Olhei
pros lados, só vi o nada, até vi
que
mesmo eu, ainda não existia.
Não
me contive , cai na gargalhada.
Só
fiz silêncio quando deparei com o Criador,
debruçado,
cochilando sobre a prancheta, babando
oceanos
nos rascunhos.
Ah!
os peixes, então...
Sim,
os peixes!
Idas e vindas, sem nunca ter ido
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